A taxa de letalidade do vírus Covid-19 levou a um confinamento sem precedentes na história da humanidade.
No Brasil, o isolamento social veio acompanhado de uma série de alterações não apenas no estilo de vida dos cidadãos, mas também nos serviços a eles ofertados. Entre eles, os mais afetados foram os serviços da saúde. Especificamente, o bloqueio de leitos hospitalares, de grande importância para a vida dos cidadãos, é o centro dessa confusão.
Esse fato, somado ao espetáculo midiático sobre o assunto, criou pânico na população. Doentes crônicos deixaram de procurar atendimento médico emergencial em fases iniciais de descompensação de suas doenças e consequentemente foram a óbito. Esse é o cenário que precisa ser modificado, e os números justificam. Vamos a eles.
Em primeiro lugar, vamos a taxa de letalidade do Covid-19, pois não há um consenso. A OMS indica em torno 3,4% (em 3 de março), mas há quem diga que é menos letal que a pneumonia, 0,2%. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong estimaram que, em Wuhan, onde a pandemia começou, a provável taxa de letalidade era de 1,4% – muito menor que a estimativa oficial de 4,9 % (em 4 de fevereiro) – do governo Chinês (NHC).
Já no Brasil, a taxa está em 6,7%. Parece alto para os números mundiais, mas devemos levar em consideração alguns números que temos por aqui.
Aproximadamente 0,61% da população brasileira morre por ano no Brasil. O Registro Civil registrou mais de 1.280.000 de mortes em 2018, segundo o IBGE. Um número impressionante. São praticamente 100.000 pessoas morrendo por mês no Brasil. Assim, se fizermos uma comparação com as mortes da Pandemia (atualmente na casa de 4.500), ficamos chocados com a insignificância desse número perante as estatísticas brasileiras. Trânsito, homicídios, doenças endêmicas e epidêmicas são mais letais, muito mais.
Ao longo de 2020, já perderam a vida algo em torno de 400.000 pessoas no Brasil, ou seja, quase 100 vezes mais do que as mortes causadas pela pandemia.
Mas o que esses números realmente significam?
O desenvolvimento da pandemia foi atípico e fugiu aos modelos previstos pelos algoritmos do Ministério da Saúde. Não tivemos um número de transmissão tão fulminante como se previa e o objetivo do isolamento social que é achatar a curva de transmissão, simplesmente ficou inócuo num país vasto como o Brasil, pois 84% dos municípios não apresentaram contaminação, segundo o próprio Ministério da Saúde.
O professor Johan Giesecke, um dos epidemiologistas mais graduados do mundo, conselheiro da Suécia, defende uma política moderada de confinamento. Ele critica muitas das decisões que foram tomadas baseadas em papers nunca publicados cientificamente (como o do Imperial College), baseados em modelos matemáticos e em suposições que podem ser pesadamente criticadas. Ressalta que confinamento total é incompatível com a democracia e mesmo aqueles que apoiam o “lockdown”, não suportarão os 6 a 18 meses de duração da Pandemia.
No final a pergunta que fica é se vamos achar um ponto de equilíbrio enquanto milhares morrem de outras doenças sem o adequado atendimento, por conta do um confinamento reducionista e primário.