por paulo eneas
Na edição da última sexta-feira (13/11) do Jornal Crítica Nacional fizemos uma análise breve das perspectivas da direita brasileira nas eleições municipais desse ano. Dissemos que a direita disputa este pleito em condições menos favoráveis do que aquelas das eleições presidenciais de 2018.
Sem partido político próprio, sem uma estratégia e um discurso unificador em nível nacional voltado para o embate ao comunismo e ao globalismo e a defesa de uma agenda conservadora para o pleito municipal, a direita foi praticamente desarmada para esta eleição, valendo-se em grande parte da popularidade do Presidente Bolsonaro.
Uma popularidade que existe e é inegável, mas que vai ser colocada à prova pela primeira vez no pleito deste domingo, em termos de capacidade de transferência de votos. Com exceção de uma ou outra cidade, a direita não foi capaz de apresentar nomes autenticamente de direita e conservadores para a disputa para as prefeituras das principais capitais.
Na ausência deste nomes, a direita ficou dependente do desempenho de candidatos a prefeito do establishment político endossados pelo presidente para fazer frente às máquinas eleitorais tucanas e da esquerda socialista-comunista, criando assim uma situação de menor potencial mobilizador da base de apoio.
A ausência de um partido de direita fez com que os candidatos bolsonaristas aos cargos de vereador fossem pulverizados em diversas siglas partidárias, muitas delas com candidatos nanicos às respectivas prefeituras, o que contribuiu para um cenário de dispersão e fragilidade na campanha, seja em termos estruturais, seja em termos de unidade, de todo inexistente, programática de discurso.
É possível, portanto, que a direita saia dessa eleição com um desempenho muito aquém de suas possibilidades potenciais e aquém das reais necessidades do país. Existe o risco real de o establishment político tucano e a esquerda socialista-comunista não petista obterem resultados expressivos, o que coloca para a direita a obrigação e o dever de rever seus estratégicos dos últimos dois anos.
E como coroamento desse quadro desalentador, cabe lembrar que a eleição novamente ocorre por meio de urnas eletrônicas, sem voto impresso e sem possibilidade de auditoria ou de apuração pública, o que irá novamente colocar dúvida quanto à sua lisura. Isso mostra que um dos erros da direita nesses dois anos foi justamente ter abandonado a luta pela transparência no processo eleitoral.
O segmento de vídeo abaixo, gravado na última sexta-feira durante a edição do Jornal Crítica Nacional, traz estas considerações resumidas acima.