A “Direita” Foi Culpada Pelo Resultado das Eleições Municipais Nas Grandes Cidades?

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por dr. renato gomes rodrigues
Tenho visto atribuições de culpa e acusações a integrantes da tal “direita”, pelo fato de o resultado nas urnas ter ficado aquém do esperado por todos os anti-esquerdistas. Os direitistas do bem dizem mais ou menos assim: “A esquerda se organizou, se preparou, se uniu. A direita se inter-destrói e autodestrói. Falta(ria) amadurecimento, etc.” dentre outras explicações do gênero.

Com todo o meu respeito a essas pessoas bem-intencionadas e presumivelmente intelectualmente honestas que assim pensam, em meu modesto juízo, tais conclusões especulativas se mostram irracionais, caso saiamos do conforto mental da superficialidade e aprofundemos a compreensão do contexto. Diria que, os que assim pensam, estão de algum modo aprisionados cognitivamente pelo politicamente correto.

Por quê? Ao menos duas razões – suponho – justificam a linha de pensamento logicamente equivocada. Primeira: os que culpam a aparente autofagia da “direita” não sabem lidar com a realidade. Por isso, ou racionalizam para aceitá-la como normal, ou a negam (distorcem, seccionam, omitem), com ou sem consciência disso.

Fatos: Ditadura suprema em franca atuação; sistema político corrompido; sistema eleitoral opaco, inauditável, sem o mínimo controle externo por representantes legítimos da soberania popular; sistema de “justiça” disfuncional e voluntarista, governando o país; direito denotado exclusivamente por vontades de juiz; liberdade de expressão sob censura grosseira da toga e das bigtech;

Além disso, ilícitos institucionalizados, via manipulações de conteúdo de princípios ou uso de teorias bandidólatras inconstitucionais e logicamente insustentáveis (em destaque, atualmente, a corrupção legalizada via fundos eleitoral e partidário); partido Aliança Pelo Brasil, capitaneado pelo presidente da República mais popular da história brasileira, propositalmente inviabilizado por obstáculos formais produzidos por agentes do mecanismo;

O governo federal nitidamente chantageado e sabotado institucionalmente, por manipulações e dissimulações jurídicas e políticas, seja por usurpações de competência do presidente da República, sejam os presidentes das casas legislativas impedindo votações de medidas provisórias, seja por revogações inválidas (passiva e incrivelmente acatadas pelo chefe do Poder Executivo) de decretos presidenciais legítimos… Artifícios não faltam.

Em suma, a primeira razão pode ser resumida assim: se a realidade nefasta se impõe a seco goela adentro da sociedade, a causa do problema não pode ser corrigida. E qual seria a causa? O poder de fato estando nas mãos dos inimigos do país. Estes controlam os órgãos e as instituições do Estado. Em especial, o sistema de “justiça”. Escolhem o baralho, olham as cartas, distribuem-nas como querem para benefício dos comparsas e desespero dos que lutam por um Brasil digno.

Fácil constatar com um mínimo de lucidez: nada poderia ser diferente, se o jogo “democrático” sempre esteve viciado na origem. Décadas de repetição dessa insanidade, sem reações corretas, atestaram, com ações concretas além de palavras, a técnica de Goebbels: mentira, mil vezes, vira verdade.

Daí, contra a racionalidade e a decência, o ônus da prova se inverte no grito e por vontade de quem dá as cartas fraudulentamente. Silêncio…, porque juiz é Deus, e, em sendo, deve ter a última palavra sempre, não importando que sua “interpretação” produza decisões aberrantes ou criminosas.

Exemplos são inúmeros e marcantes: ordem ao presidente da República para que mostrasse exame médico pessoal (covid-19); (des)qualificar arbitrariamente o presidente da República como investigado, mesmo sem haver qualquer indício de crime; ordenar que o presidente da República seja interrogado presencial e compulsoriamente, atropelando a expressa garantia constitucional dada a qualquer réu psicopata de poder permanecer em silêncio; proibir o presidente da República de bloquear, nas suas redes sociais particulares, seguidores inconvenientes…

Sem falar na iminente decisão que está por aflorar: a de obrigar a população a se vacinar contra a chinapatia coronavírus, com vacina feita a toque de caixa e por método científico jamais usado em qualquer vacina humana disponibilizada até hoje.

De fato, serão onze juízes assumindo o comando real do Ministério da Saúde e da Anvisa. Explicável: se juiz é Deus, e Deus é não só dono da verdade, mas a verdade em si, para que, então, deixar a saúde das pessoas nas mãos de uma ciência provisória e imperfeita, e a gestão da política nacional de saúde a cargo de um presidente da República “irresponsável”, conservador, e que “só” representa 70% de um povo-gado igualmente conservador?

A segunda razão para a explicação do fracasso eleitoral do conservadorismo nas grandes cidades seria a seguinte: os analistas de “direita”, tais como os onze juízes-deuses, ainda veem o povo como gado manipulável, mesmo com as informações fluindo instantaneamente para todos os lados.

A pressuposição da ignorância coletiva seria óbice à confiança no eleitor. Curiosamente, esqueceram-se de como Jair Bolsonaro se elegeu: pelas redes sociais, pela internet. Ora: o acesso às informações retrocedeu de 2018 para cá? A tecnologia involuiu? As manifestações de rua favoráveis ao presidente e seu governo não dizem nada a esses analistas? Por que o “gado” de 2018 estaria menos suscetível ao abate do que o de 2020?

Se juntarmos as razões 1 e 2, podemos condensá-las em uma só: a negação da realidade intuitivamente verdadeira, e a simultânea aceitação da realidade intuitivamente farsante. Conclusão: com a realidade forjada imposta e preponderando há pelo menos seis anos (eleições de 2014), o resultado das urnas nas grandes cidades só não era bastante previsível para incautos.

E aí, amigos: a culpa do resultado de agora, 15/11/2020, foi da desunião da “direita”? Foi da falta de militância bolsonarista? Foi de qualquer coisa que denotasse divergências públicas de opinião entre “direitistas” que não souberam se conter no exercício de suas liberdades de expressão, segurando as próprias línguas e sombras?

Não, amigos, de jeito nenhum. O buraco é bem mais embaixo. Não sejam injustos com milhões de pessoas de bem que, diante das calamidades da política, do “direito”, da comunicação oficial e da imprensa marrom que vivenciam diariamente, só possuem a livre manifestação de pensamento como válvula de escape emocional. Caiam na real.

Renato Rodrigues Gomes
Mestre em Direito Público (UERJ)
Ex-oficial da Marinha do Brasil (EN90-93)
Escritor (autor da trilogia Conscientização Jurídica e Política e do Desmistificando a falácia da presunção de “inocência”, disponíveis na Amazon, e que podem ser acessados em  www.renatorgomes.com/livros


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