por paulo eneas
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) anunciou na tarde desta sexta-feira (18/12) a formação de um bloco com onze partidos de esquerda para o lançamento de um candidato à presidência da Câmara dos Deputados para o biênio 2021/2022. Integram o bloco os seguintes partidos: PT, DEM, PDT, PSB, MDB, Cidadania, Rede, PV, PC do B, PSDB e PSL. O bloco contém somados 296 parlamentares, excluindo-se os deputados bolsonaristas do PSL.
O nome a ser apresentado pelo bloco para disputar a presidência da Câmara dos Deputados ainda não está oficialmente definido. Mas segundo o analista Evandro Pontes, o escolhido possivelmente será o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). O deputado foi Ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff e tem amplo trânsito com as esquerdas, apesar de pertencer a um partido que em tese faz parte da base do governo construída pelo Ministro Luiz Ramos.
Aguinaldo Ribeiro pertence ao mesmo partido de Arthur Lira (PP-AL), o candidato do Governo para a chefia do Câmara. No entender de Evandro Pontes, na hipótese de o bloco fisiologista e de esquerda liderado por Rodrigo Maia vir a lançar Aguinaldo Ribeiro, aumenta o risco de o governo perder a presidência da Câmara dos Deputados.
Se este cenário se confirmar será não apenas a derrota da articulação política do governo: será a quase inviabilização da pauta conservadora governista na Câmara dos Deputados ao longo de toda a segunda metade do primeiro mandato do Presidente Bolsonaro, uma vez que a Câmara estará sendo presidida por um preposto de Rodrigo Maia e alinhado com a esquerda e com partidos do Centrão.
O risco de derrota para o governo na disputa da presidência da Câmara dos Deputados pode ser avaliado, ainda segundo Evandro Pontes, pelo fato de o possível candidato de Rodrigo Maia e das esquerdas ser do mesmo partido do candidato governista, Arthur Lira.
Considerando que este não tem compromisso algum com o movimento político que elegeu o Presidente Bolsonaro, existe a possibilidade de Arthur Lira fazer um cálculo de custo-benefício político e no último momento compor com o bloco de Rodrigo Maia, e vir a integrar a mesa da Câmara dos Deputados liderada por Aguinaldo Ribeiro.
Portanto, a formação do bloco de Rodrigo Maia com quase trezentos parlamentares sinaliza a necessidade da articulação política do governo reavaliar a estratégia que está sendo adotada para a sucessão na Câmara dos Deputados. As derrotas expressivas sofridas pelo governo esta semana, como a aprovação do Fundeb sem os recursos para escolas confessionais, são uma sinalização a mais nesse sentido.