por paulo eneas
O senador Eduardo Braga, líder do MDB no Senado, confirmou nessa sexta-feira (16/04) em entrevista que o partido indicará o senador Renan Calheiros (MDB-AL) para ser o relator da CPI da Covid no Senado Federal. Renan Calheiros é pai do governador de Alagoas, Renan Filho, que supostamente também é alvo de investigação da CPI.
A comissão foi instalada por ordem do Supremo Tribunal Federal e destina-se a investigar a atuação do Governo Federal no enfrentamento da pandemia do vírus chinês. Em tese a comissão irá também investigar o uso dado aos recursos públicos federais enviados pelo Governo Federal a Estados e municípios para combater a covid.
Ocorre que nenhum governador ou prefeito será investigado de fato, tanto pelo uso dos recursos públicos federais, quanto pelos crimes de agressões a direitos que cometeram e estão cometendo durante a pandemia. A inclusão de governadores e prefeitos no escopo investigativo da CPI foi um jogo de cena que não terá consequência alguma, apesar de uma parte da direita ter se deixado enganar por isto.
Isto por que a CPI da Covid é um instrumento de embate político, concebido pela esquerda e encampada pelo Centrão com endosso do Supremo Tribunal Federal, e que servirá de arma política contra o governo federal. Uma arma que vai ser usada seja para aumentar poder de barganha do Centrão sobre o presidente, seja para eventualmente responsabilizá-lo por crimes que o presidente seguramente nunca nem jamais cometeu.
A presença de Renan Calheiros na relatoria da comissão é um sinalizador claro de que o alvo desta CPI será o Governo Federal e que governadores e prefeitos não têm motivos para preocupações. Não será surpresa se no curto prazo o MDB for contemplado com um ministério ou cargo de peso no governo, por exigência do partido, como consequência direta da presença de Renan Calheiros na relatoria.
Esta possibilidade torna-se ainda maior se considerarmos que a própria articulação política do governo foi entregue ao Centrão, na figura da ministra-chefe da Secretaria de Governo, deputada Flavia Arruda, que por si só jamais teria estofo para ocupar um cargo de ministra, o que somente foi possível por responder diretamente ao comando do Centrão. Colaboração Camila Abdo.
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