por angélica ca e paulo eneas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sendo acusada por cinquenta e três países de omitir-se diante das denúncias de abusos sexuais praticados por funcionários da entidade em países africanos. Em uma declaração conjunta emitida na sexta-feira (28/05) durante a assembleia anual da OMS, os Estados Unidos, a União Europeia, a Grã-Bretanha, o Canadá e outros países exigiram providências por parte da direção da OMS diante do escândalo.
As denúncias de abuso sexual praticados por funcionários da OMS surgiram em matérias publicadas na mídia internacional este ano, que afirmam que funcionários da entidade estariam sendo acusados de terem cometido abusos sexuais na República Democrática do Congo em 2019. A direção da OMS teria tomado conhecimento destas denúncias, mas não empreendeu qualquer ação investigativa.
Um relatório publicado pela agência de notícias Associated Press no início de maio deste ano afirma que e-mails internos da entidade revelaram que a administração da OMS estava ciente das denúncias de abuso sexual na República Democrática do Congo já em 2019. A representante canadense na assembleia anual da OMS, Leslie Norton, afirmou que estas denúncias vieram a público desde o início de 2018.
“Ficamos espantados com as denúncias da mídia de que a administração da Organização Mundial de Saúde sabia de casos relatados de exploração e abuso sexual e assédio sexual e não os comunicou, conforme exigido pelo protocolo da ONU e da OMS, bem como com as alegações de que funcionários da OMS agiram para ocultar os casos”, afirmou Leslie Norton.
Dentre os cinquenta e três países que assinaram a declaração conjunta na sexta-feira acusando a OMS de omissão diante da denúncias estão também a Austrália, Brasil, Indonésia, Israel, México, Suíça e Uruguai.
Além da Organização Mundial de Saúde, outras agências das Nações Unidas também são acusadas de omissão ante denúncias de práticas de abuso sexual por parte de seus funcionários: a UNICEF e a Organização Internacional para as Migrações. As três entidades foram citadas em um relatório investigativo publicado pela Thomson Reuters Foundation e The New Humanitarian.
Estas três organizações da ONU estariam fazendo vistas grossas desde setembro do ano passado ante as acusações de exploração e abuso de mulheres por funcionários das agências das Nações Unidas na crise de Ebola de 2018-2020 na República Democrática do Congo.
Uma investigação conduzida ao longo de um ano descobriu que mais de cinquenta mulheres acusaram os funcionários destas agências de exploração sexual, forçando-as a fazer sexo em troca de emprego, ou usando a ameaça de demissão em caso de recusa. Informações de France 24 | Yahoo News | TRT World.