por paulo eneas
Reportagem publicada nesta quinta-feira (26/08) no jornal O Globo fala de uma possível articulação levada a cabo pelo Centrão visando a fusão de siglas partidárias e a consequente formação da maior bancada no Congresso Nacional. Segundo a reportagem, o PP, PSL e PRB estariam negociando esta fusão, que resultaria em um novo partido com 126 cadeiras no parlamento.
Ainda segundo a reportagem, este acordo de fusão implicaria no compromisso destas siglas em não aceitar a filiação do Presidente Bolsonaro. Desta forma, o presidente passaria a estar na situação paradoxal de ter o maior partido do Congresso na sua base de sustentação parlamentar, e ocupando os principais cargos no governo, mas ao mesmo tempo estaria ele, o presidente, impedido de se filiar a este partido.
Caso este arranjo, ou outro similar, venha a se confirmar, ele seguramente não vai ocorrer em torno do programa original de governo. O arranjo viria isto com o objetivo de aumentar o poder de barganha destas siglas junto ao Governo Federal, visando obter mais cargos e espaços, como o Centrão sempre soube fazer nos governos passados.
A mensagem enviada por esta iniciativa, juntamente com o veto antecipado à filiação do presidente, é bastante clara: o Centrão irá tentar extrair o máximo de benefícios fisiológicos com a atual governo, usando a ameaça de impeachment do presidente como chantagem, como já vem fazendo, mas não irá de forma alguma comprometer-se com qualquer item da agenda conservadora que elegeu Bolsonaro em 2018.
Pelo contrário, tudo aponta para uma clara intenção do próprio Centrão, e das demais siglas fisiológicas que gravitam em seu entorno: inviabilizar a candidatura do presidente à reeleição, fechando-lhe as portas para filiação a algum partido do bloco. Desta forma, é preciso ter em mente no horizonte político de médio prazo que existe o risco real de o Presidente Bolsonaro não conseguir disputar a reeleição.
E se isso ocorrer, o principal responsável por esta operação política será o Centrão que, ao contrário de leituras mais ingênuas feitas por parte dos apoiadores do governo, não é nem nunca foi um aliado de fato do governo, mas sim o seu algoz, que tem usado da ameaça de impeachment como instrumento para exercer chantagem sobre o governo e ocupar posições na máquina pública.