por paulo eneas
Existe o entendimento entre os conservadores de que a solução para os problemas da Nação não se encontra na política. A afirmação é verdadeira de per si, se considerarmos que a vida política é expressão do patamar em que se encontra a vida cultural de um povo. E sob este aspecto, a porca vida política brasileira expressa à perfeição a miséria cultural de nosso povo e a nossa quase falência como projeto civilizacional.
O Brasil há algumas décadas é um país onde a alta cultura foi destruída no seu essencial, onde jornalistas e professores são basicamente militantes progressistas semianalfabetos, onde parcela expressiva das novas gerações desconhece o básico de nosso idioma e nossa história e não possui referência alguma do legado de cultura e de valores civilizacionais ocidentais que herdamos.
Legado este que tínhamos a obrigação de dar continuidade a partir de nossas origens formadoras lusitanas. Mas em vez disso, estas nossas origens são invariavelmente demonizadas pelos mesmos atores político-culturais e ideológicos que nos levaram a este estado de barbárie civilizacional.
É evidente que a expressão política deste pano de fundo cultural-civilizacional somente poderia ser a mais degradada possível, gerando um estado de democracia degradada, onde a elite política dirigente parasita as instituições de estado ao mesmo tempo em que atua para a manutenção deste status quo civilizacional que a engendrou, sendo o clientelismo político assistencialista a vertente mais perversa desta prática.
A mudança de qualidade na representação e nas práticas da atividade política somente irá ocorrer quando ao menos estancar-se este processo de deterioração civilizacional que vem ocorrendo no país há décadas, com a formação de um setor na população esclarecido e capaz de compreender a importância do estudo e da aquisição de conhecimento, inclusive de nossa própria história e do legado que abandonamos, para então enfrentarmos os desafios de definir um norte e um rumo para a Nação.
Nenhum agente político hoje em atuação tem capacidade de levar adiante este projeto de Nação, não existe a noção de um destino manifesto nacional no horizonte de consciência de qualquer um dos atuais atores políticos, justamente por não haver uma base social e cultural que tenha engendrado esta demanda.
Mas a política tem a ver com exercício real do poder
Uma vez posto o que foi afirmado acima, que diz respeito basicamente à guerra cultural, é preciso ter em mente que a expressão “a solução não virá da política” não pode ser tomada pelo seu valor de face. Em primeiro lugar por que ela isenta de responsabilidade os detentores do poder político institucional.
Pois ainda que não venhamos a nutrir expectativas descabidas de solução de nossos problemas civilizacionais a partir de iniciativas oferecidas pelo Estado, é fato que o poder político jamais deve deixar de ser cobrado.
De resto, deve-se ter em mente que a política tem a ver com o exercício do poder e é este poder que vai definir se você terá ou não liberdade de expressão, se terá ou não direito de decidir sobre o que será ou não inoculado em seu corpo, e se sua filha criança vai correr o risco de encontrar um marmanjo num banheiro de um shopping.
É o poder político que vai decidir se você poderá ter acesso legal a armas para defender sua vida e sua propriedade. É o poder político de turno que decidirá se você poderá ou não dispor integralmente de sua propriedade para atividade ou agrícola ou se somente poderá utilizar uma parte dela por que alguns burocratas das Nações Unidas assim decidiram e o governo aquiesceu, em nome do meio ambiente.
Portanto, afirmar que a solução não está na política é correto, mas não pode ser entendido como um convite a virar as costas para política. Pois o poder político institucional nunca irá virar as costas para você, estará sempre no seu encalço, até mesmo para tolher suas liberdades, como observamos no Brasil de hoje.
O que os conservadores podem e devem fazer no momento, além de retomar a guerra cultural que preconizamos mais acima, é tentar contribuir para elevar o nível do debate político nacional, que ficou extremamente rebaixado nos últimos três anos por opção da direita política.
Uma direita política que decidiu abandonar qualquer preocupação ou cobrança sobre pautas e valores e programas de governo e reduziu a atividade política à defesa incondicional da pessoa do chefe de governo, e substituiu a argumentação por memes e mitadas em redes sociais, demonstrando assim estar presa ao imaginário de 2018 que não irá mais se repetir.
Conservadores precisam atuar na esfera do debate político nacional sem pautar-se pela cozinha comezinha dos factoides políticos que alimentam a velha mídia, mas preocupando-se em trazer para o debate as pautas e programas de governo que foram aprovadas em 2018 e que passaram a ser ignoradas pelo próprio governo e pela direita política.
Temos que priorizar a discussão sobre a liberdade de expressão e o direito de cada cidadão decidir livremente sobre assuntos de sua saúde, sobre a legítima defesa, sobre a soberania nacional ameaçada por acordos internacionais que representam concessões inaceitáveis às exigências dos globalistas ocidentais, principalmente aqueles a pretexto do meio ambiente e que irão comprometer, como já comprometem, nosso desenvolvimento econômico como nação soberana. Crédito da Imagem: Pixbay
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