por paulo eneas
O presidente Bolsonaro formalizou nesta terça-feira (30/11) em evento em Brasília (DF) a sua filiação ao Partido Liberal, chefiado por Valdemar da Costa Neto. Além do presidente, o senador Flavio Bolsonaro e o ministro Rogério Marinho também filiaram-se ao partido, que é uma das principais siglas do Centrão, que hoje na prática comanda o Governo Federal.
A filiação ao Partido Liberal consolida o deslocamento do eixo político do presidente Bolsonaro, que desde a segunda metade do primeiro ano de seu mandato vem procurando afastar-se do campo da direita e apresentar-se como figura pública de centro. O próprio presidente já verbalizou claramente esta intenção, por meio de afirmações como “Eu sempre fui do Centrão”, “Elegeram um cara do Centrão”, feitas recentemente.
Com a filiação confirmada, o presidente em tese irá disputar a reeleição pelo Partido Liberal, em aliança com o Republicanos e Progressistas. Os três partidos formam o núcleo duro do Centrão e uma possível candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição através desta aliança teria todas as características de uma candidatura de centro, com várias concessões “progressistas” no plano de governo, como na prática já vem ocorrendo no atual governo.
Dissemos que o presidente em tese irá disputar a reeleição pelo Partido Liberal, por que esta garantia política não existe. O Centrão sempre teve interesse em Bolsonaro como presidente, não como candidato, haja vista que o próprio Partido Progressista, chefiado pelo senador Ciro Nogueira, que é o ministro da Casa Civil, fechou as portas de sua sigla para o presidente.
Uma vez que não existe qualquer compromisso programático do Partido Liberal e do Centrão com algum programa de governo que venha a ser apresentado pelo presidente para sua tentativa de reeleição (ainda que seja um programa de centro e despido das pautas conservadoras que levaram o então candidato Jair Bolsonaro à sua primeira vitória) não se pode descartar o risco do partido negar a legenda ao presidente Bolsonaro no último momento.
Esse risco existe pelo fato da relação do presidente com o Centrão ter sido sempre marcada não por uma convergência programática ou ideológica, mas pela chantagem fisiologista que este bloco político sempre empregou para ocupar posições na máquina governamental. Este risco tem que estar presente em qualquer análise que se faça do cenário político nacional do ano que vem.
A filiação do presidente Bolsonaro ao Partido Liberal também simboliza o ponto máximo do descolamento do presidente do campo conservador que o apoiou desde a primeira eleição e que tinha como um de seus compromissos programáticos, verbalizados inúmeras vezes pelo próprio presidente, o rompimento com as práticas políticas fisiologistas que são exatamente o modus operandi preferencial do Partido Liberal e de todo o Centrão.
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