por paulo eneas
A guerra de agressão lançada pelo ditador e homicida da KGB, Vladimir Putin, contra a Ucrânia é toda ela baseada em narrativas mentirosas. Narrativas essas que a direita ocidental assimilou e reproduz todo dia com alegria e satisfação, por que a direita ocidental nada mais é do que a outra face e a linha auxiliar do eixo dos regimes de ditadura.

Essa mentira afirma que a guerra de agressão se “justifica” por que com a iminente entrada da Ucrânia na OTAN, a Rússia estaria sob ameaça dos “globalistas”. Vamos aos fatos e aos números e ao mapa para desmontar essa falácia:

Em primeiro lugar a Ucrânia jamais ingressaria na OTAN, a menos que os estatutos da aliança militar fossem alterados. Pois os estatutos estabelecem que nenhum país pode ingressar como novo membro na aliança se possuir fronteiras em disputa. E a Ucrânia há décadas possui disputa fronteiriça com a Rússia envolvendo a região de Donbass.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia teve início no começo de 2014 com a tomada militar russa da península ucraniana da Crimeia, após os protestos do Euromaidan terem deposto o então presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych em  fevereiro daquele ano.

Logo, não havia negociações oficiais para uma suposta entrada da Ucrânia na OTAN naquele momento, pois o país era governado por um presidente pró-Moscou. Tanto o é que após sua deposição pelo Euromaidan, Viktor Yanukovych fugiu para Moscou. Alguém imaginaria hoje Vladimir Zelensky fugindo para a Rússia?

Vamos agora à geopolítica de verdade, ou seja, as condições oferecidas pelo terreno da geografia física onde se desenrolam as relações entre estados e nações. Pois ao contrário do que se afirma em determinados canais do youtube, a geopolítica não é dinâmica nem elástica: não se tem notícias de rios, mares, montanhas, oceanos e continentes mudando de lugar de tempos em tempos.

A Rússia faz fronteira com oito países europeus como mostra o mapa abaixo, que exibe em tons escuros os 30 países da Europa que fazem parte atualmente da OTAN. Estes oitos países fronteiriços com a Rússia são, a saber, de norte a sul:

1) Noruega
2)
Finlândia
3) Estônia
4) Letônia
5) Lituânia
6) Bielorrússia
7) Polônia
8) Ucrânia

Russia Otan


Destes oito países europeus com fronteira russa, seis fazem parte da OTAN, exceto a Bielorrússia e a Ucrânia. O país da OTAN cuja fronteira com a Rússia é a mais extensa é a Finlândia, que a então União Soviética tentou invadir nos anos quarenta na chamada Guerra de Inverno, e foi derrotada.

Nenhum desses países nunca representou qualquer ameaça à Rússia. Pelo contrário, estes países ingressaram na OTAN para se defender da ameaça constante que Moscou sempre fez a estas nações. Nenhum país da OTAN pode atacar outro país em nome da aliança, que tem caráter unicamente defensivo, também conforme ditado pelos seus estatutos.

Da mesma forma, apesar das ameaças históricas constantes, Moscou nunca invadiu nenhum desses seis países ante a iminência da entrada de cada um deles na OTAN. Portanto, se Finlândia, Noruega, Países Bálticos e Polônia “puderam” entrar na aliança militar ocidental sem uma maior oposição mais firme por parte de Moscou, por que com a Ucrânia foi diferente? A resposta está no desmascaramento da mentira de Vladimir Putin:

A guerra de agressão russa contra a Ucrânia não tem a ver prioritariamente com a OTAN, mas sim com a recusa já de séculos por parte das oligarquias e setores da intelectualidade russas em aceitar a existência da Ucrânia como nação soberana e da existência do próprio povo ucraniano com identidade nacional, história e idioma próprios.

A existência da Ucrânia e do povo ucraniano derruba por terra todos os mitos fundacionais da existência dos russos e da história da Rússia como país, conforme mostraremos em artigo em separado nos próximos dias.

Obviamente a guerra tem também motivações paralelas em termos de geopolítica, pois a Ucrânia é o heartland da Eurásia. Tem também motivações econômicas e a própria postura mercenária de Donald Trump em relação às terras raras ucranianas mostra isso.

Mas ela é fundamentalmente uma guerra de extermínio e apagamento e aniquilação da identidade nacional ucraniana, como o russos tentaram fazer desde Holodomor até à proibição do idioma ucraniano no período soviético, que Vladimir Putin lamenta ter chegado ao fim.

Um identidade nacional que as elites oligárquicas russas nunca admitiram existir e que remonta há quase mil anos de história. Uma história que a massa de ignorantes da direita ocidental ignora e desconhece, e por isso se limita a ficar papagaiando a propaganda e as falácias russas.


Minto A
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5 Comentários

  1. Você não põe uma linha do imperialismo dos sionistas esmagando palestinos que nada teve a ver com terrorismo e sim por territórios. Mossad é agência de inteligência maior do mundo por que será que não fez nada diz aí Paulo.

    • Procure essa abordagem em algum site vinculado ao Hamas ou Hezbollah que voce vai encontrar on que deseja em termos de falsificação histórica. Aqui com certeza não.

  2. Excelente exposição.
    Paulo, artigos assim, com origens históricas, mostrando obviamente interesses geopolíticos e econômicos, devem ser mais amplamente explorados e divulgados.
    É a única forma de desmascarar esses crápulas.
    Insisto no extraordinário livro do saudoso Gustavo Corção, O SÉCULO DO NADA, onde ele, taxativa e inteligentemente, desmascara a questão, em um capítulo à parte, esquerda x direita. Um tremendo embuste. A direita foi criada pela esquerda. Na realidade, uma “dissidência” planejada.
    O único posicionamento político/econômico que se contrapõe a essas duas cabeças de um mesmo corpo é o CONSERVADORISMO. E ele frisa bastante isso. O resto é embromação e desinformação.

  3. Maravilhoso artigo.

    Na qualidade de descendente de ucranianos (e dos que honram a família), adapto Porfirio Díaz:

    Pobre Ucrânia, tão longe de Deus, tão perto da Rússia…

    Que não sobre nem ao menos um perohe para Donald Trump e nem para o seu ventríloquo da KGB.

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