por paulo eneas
Em mais uma das inúmeras concessões que têm sido feitas numa velocidade espantosa à agenda geopolítica e econômica dos globalistas ocidentais, o Governo do Brasil aderiu nesta terça-feira (02/11) em Glasgow, Escócia, a um acordo internacional visando reduzir em 30% as emissões de gás metano (CH4) até o final desta década. O acordo foi assinado no âmbito da COP26, a Conference of Parties da Convenção das Mudanças Climáticas das Nações Unidas, cuja vigésima sexta edição ocorre este ano.

A meta de redução das emissões de gás metano foi proposta pelo presidente norte-americano Joe Biden e pela chefe da Comissão Europeia, que é o governo não eleito da União Europeia, Ursula von der Leyen. Cerca de cem países aderiram ao pacto, incluindo os Estados Unidos, Brasil e União Europeia. A Rússia, Índia e China não aderiram.

Os adeptos da noção de aquecimento global antropogênico entendem que o gás metano, que também é produzido pela digestão de bovinos, é um dos gases do chamado efeito estufa que supostamente estaria provocando o aumento da temperatura do planeta, juntamente com o CO2.

Na visão dos adeptos desta hipótese, as atividades econômicas humanas seriam responsáveis por este aquecimento em escala planetária por conta da emissão destes gases, daí a necessidade de coibir determinadas atividades, estabelecendo metas de redução de emissões de carbono e metano.

A hipótese do aquecimento global antropogênico é questionada por outros cientistas, que entendem que os fatores que interferem no clima da terra numa escala global não estão relacionados às atividades humanas, mas sim a fenômenos naturais sobre os quais o ser humano não tem controle algum, como atividade solar, temperatura e regime dos oceanos e vulcanismo.

Além disso, a própria teoria do feito estufa é questionada por cientistas não adeptos desta tese, pois entendem que o CO2 e o metano não regulam a temperatura do planeta. Pelo contrário, as concentrações destes gases é que são reguladas pela temperatura, considerando principalmente que são os oceanos os principais reservatórios naturais destes carbono e metano.

Mudanças climáticas: uma pauta geopolítica
A rigor, a pauta de mudanças climáticas não reflete um problema físico do mundo real, mas constitui-se tão somente numa agenda geopolítica dos globalistas ocidentais, que alardeiam uma hipotética situação de emergência climática planetária para impor restrições às atividades econômicas dos países não desenvolvidos e estabelecer mecanismos de governança global que afetam as soberanias nacionais.

A ficção propagandística da emergência climática de escala planetária serve também para estabelecer instrumentos de controle social sobre as populações dos países ocidentais, como é o caso das metas de redução de emissões de metano, que irão afetar diretamente a disponibilidade de alimentos para os povos dos países afetados. Não sem motivo, já há alguns anos a própria ONU vem estimulando que as pessoas passem a se alimentar de insetos.

O fato de Rússia, China e Índia não terem aderido a este acordo reforça seu caráter unicamente geopolítico e econômico: a pauta climática é uma agenda geopolítica exclusiva dos globalistas ocidentais, assim como a agenda identitária, e que não interessa a estes países que ficaram de fora do acordo. E ficaram de fora por que a questão não é científica, mas tão somente de interesse geopolítico distinto dos interesses destes três países.

As implicações da redução do consumo de proteína animal
O esforço de propaganda que vem sendo feito no Ocidente para a redução do consumo de proteína animal vai contra o que a própria ciência da paleoantropologia sabe sobre a história natural da espécie humana.

É sabido que o consumo de carne contribuiu para o aumento do volume médio do cérebro do Homo sapiens, e para o aumento de suas capacidades cognitivas, uma vez que a digestão de carne consome muito menos energia metabólica do que a digestão de vegetais, pois segundo os neurocientistas, o cérebro humano consome em média vinte por cento de toda a energia calórica advinda dos alimentos.

É por esta razão que a má nutrição decorrente da insuficiência proteica, principalmente na infância, compromete o desenvolvimento das habilidades cognitivas na criança e pode deixar sequelas que afetam o indivíduo pelo resto da vida adulta, reduzindo inclusive a imunidade natural.

Portanto, o projeto dos globalistas ocidentais de forçar uma redução na disponibilidade de alimentos a pretexto de uma imaginária emergência climática atenta contra a própria natureza humana. Os governos, como o do Brasil, que estão aderindo a este projeto estão agindo contra os interesses de seus respectivos povos.

O erro do Brasil em aderir e o que poderia ter sido feito
A adesão do Brasil a este acordo é atentatória aos interesses nacionais e representa uma rendição vergonhosa do país à agenda imposta pelos globalistas. Agenda esta que o então candidato Jair Bolsonaro havia prometido combater, e que hoje é um dos seus principais viabilizadores.

O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo, estimado em 218 milhões de cabeças de gado, segundo o IBGE. Esse rebanho assegura o consumo interno de carne, cujos preços no momento estão elevados tornando-a quase inacessível a boa parte dos brasileiros, além de leite e derivados. O setor pecuário é um dos principais empregadores da economia nacional e responde por parcela expressiva do PIB nacional.

A meta de redução de emissões de metano atinge em cheio a pecuária brasileira, com impactos negativos para a economia e para o acesso dos brasileiros, principalmente os mais pobres, à proteína animal e leite. O cumprimento da meta implicará em redução do rebanho, reduzindo assim a oferta deste produtos. Considerando que parte expressiva da produção nacional é exportada, a carne irá tornar-se artigo de luxo no mercado nacional.

Nas redes sociais, os apoiadores incondicionais do governo afirmam que o Brasil não tinha como agir de modo diferente, como se o país tivesse sido obrigado a aderir ao acordo. Falou-se até mesmo no fato de não termos uma bomba atômica.

Ocorre que um país como o Brasil não precisa ter bomba atômica para defender seus interesses soberanos nos fóruns internacionais. Precisa ter, isto sim, um governo à altura desta missão, o que parece não estar ocorrendo no momento.

Somos a quinta maior economia do mundo, o principal exportador mundial de alimentos, temos um papel geopolítico relevante no hemisfério sul, não temos conflitos bélicos com nenhum outro país vizinho.

O governo poderia muito bem usar destes argumentos para recusar a adesão ao acordo e mostrar o absurdo que representa uma medida que, a pretexto de questões climáticas, irá dificultar a produção de alimentos em todo o Ocidente, indo assim na contramão do próprio discurso dos globalistas que falam em acabar com a fome no mundo.

Mas para que isto ocorresse, seria necessário que a participação do Brasil neste fóruns internacionais fosse guiada pelo primado da defesa de nossa soberania e dos interesses nacionais.

Mas em vez disso, o governo optou covardemente por pagar pedágio ideológico para a opinião pública internacional e rendeu-se incondicionalmente à agenda imposta pelos globalistas, sem em momento algum defender aquilo que seria sua obrigação: os interesses nacionais e do povo brasileiro.


 

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