por paulo eneas
A vista oficial do Presidente Bolsonaro à Rússia não ocorre no momento mais apropriado. Pode-se dizer na verdade que a visita ocorre no pior momento do ponto de vista diplomático. Pois ela acontece em um contexto em que a Rússia ameaça agredir e invadir militarmente uma nação soberana independente, a Ucrânia. O argumento de que a visita já estava agendada e não poderia ser desmarcada é falso e desonesto. Não existe visita diplomática “indesmarcável”.
Mesmo que a crise na Ucrânia não evolua para um conflito militar de larga escala, e ainda que este conflito não esteja na pauta oficial da reunião bilateral entre o presidente brasileiro e o proto-ditador russo, de modo que o desfecho desta crise não terá qualquer relação com a visita do Presidente Bolsonaro à Rússia, ao contrário da narrativa megalomaníaca que está que está sendo brifada nas redes sociais bolsonaristas, a visita neste momento representa uma péssima sinalização.
A sinalização passada ao resto do mundo é que o Brasil coloca-se, no mínimo, numa posição de indiferença ante a possibilidade de uma potência estrangeira invadir militarmente uma outra nação livre e soberana. Uma sinalização que contraria até mesmo um dos princípios gerais que devem reger nossa política externa e que está presente em nossa Constituição Federal.
Esta sinalização de indiferença ante uma ameaça de agressão militar de uma potência contra uma pequena nação soberana será percebida, a despeito de declarações protocolares em favor da paz que possam ser feitas isoladamente ou em conjunto no transcorrer da visita.
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A pauta oficial do encontro entre o presidente brasileiro e proto-ditador russo é de natureza comercial, e envolve o fornecimento de insumos agrícolas por parte da Rússia ao Brasil. Os mesmos insumos cujo principal fornecedor é a China, que tem criado dificuldades ao Brasil para ter acesso a estes produtos, a despeito da nova diretriz da política externa brasileira pautada pela bajulação permanente da ditadura comunista chinesa.
Trata-se da mesma China que mantém uma aliança de natureza estratégia com a proto-ditadura russa, com vistas as ambições expansionistas e imperialistas de ambos os regimes, seja na versão do eurasianismo russo ou na versão da chantagem comercial acompanhada de ingerência interna e corrupção de governantes e políticos estrangeiros por parte dos chineses.
Como observou o ex-chanceler Ernesto Araújo em entrevista nesta segunda-feira (15/fev) na rádio Jovem Pan, não é necessário a visita de um Chefe de Estado para negociar aquisição de insumos agrícolas. A área técnica da diplomacia comercial brasileira é competente o bastante para dar suporte ao setor privado para encetar estas negociações.
A visita de um Chefe de Estado tem que ser feita no escopo de um agenda mais ampla, que vai além das negociações comerciais, e que envolve interesses estratégicos mútuos e compartilhamento de valores civilizacionais comuns que sejam caros a ambos os povos representados.
Neste sentido, tanto pelo momento inoportuno por conta da ameaça russa à Ucrânia, quanto pela ausência desses interesses estratégicos comuns, o que fica evidenciado pelo apoio inconteste do regime de Vladimir Putin à ditadura narco-comunista de Nicolás Maduro na Venezuela, a visita do Presidente Bolsonaro à Rússia neste momento representa um dos pontos mais baixos da já rebaixada política externa brasileira.
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