por paulo eneas
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira (10/08) condenar o ex-procurador da república, Deltan Dallagnol, a ressarcir um valor de R$ 2.831.808,00 referentes a custos de diárias da força-tarefa da antiga Operação Lava Jato. Além do ressarcimento, também foi aplicada uma multa. A mesma condenação foi imposta ao ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
A condenação de Deltan Dallagnol, que foi um dos coordenadores da força-tarefa da ex-Operação Lava Jato, que resultou na prisão do líder petista Lula, atendeu a uma representação feita junto ao TCU por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), segundo denunciou a Associação Nacional dos Procuradores da República.
A condenação de Deltan Dallagnol foi um sinal emitido pelo establishment político de que existe uma “criminalização branca” do combate à corrupção no Brasil. A decisão do TCU foi celebrada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), por todos os petistas e por influenciadores digitais bolsonaristas, pois ela representou de certa forma a condenação da ex-Operação Lava Jato.
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O editor do Crítica Nacional publicou uma mensagem em suas redes sociais comentando a condenação e a postura de alguns influenciadores bolsonaristas, que juntaram-se a Renan Calheiros e aos petistas para celebrar a decisão. A mensagem está reproduzida abaixo, na primeira pessoa, da forma que foi publicado nas redes.
O CRIME DE SE COMBATER O CRIME DE CORRUPÇÃO
Sempre apoiei a Lava-Jato desde o seu início, ao mesmo tempo em que eu criticava os ativistas que a partir de 2015/2016 começaram a tratar Sérgio Moro e Deltan Dallagnol como heróis nacionais. Sempre apontei isso como erro, pois eles não eram nem nunca foram heróis. Eram apenas funcionários públicos cumprindo sua obrigação.
Também desde seu início coloquei-me contra o malfadado projeto das Dez Medidas Contra Corrupção, por enxergar nele, na forma que estava, um projeto de poder político da parte do estamento burocrático com forte viés autoritário.
Em momento algum emprestei apoio político a Deltan Dallagnol, e menos ainda a Sérgio Moro. Apontei como erro a decisão do então recém empossado Presidente Bolsonaro de nomear Moro como Ministro da Justiça.
Quando Moro saiu do governo fazendo estardalhaços, em momento algum tive em dúvida, como vários influencers tiveram, sobre de que lado ficar: coloquei-me imediatamente ao lado do Presidente Bolsonaro.
Ao contrário de alguns setores bolsonaristas de então, eu jamais defendi, por razões políticas e ideológicas, a possível indicação de Deltan para a chefia da PGR.
Sempre enxerguei em Deltan um profissional competente, o que é inegável, mas politicamente situado no campo da esquerda progressista, de modo que ele jamais teria meu apoio ou endosso para qualquer uma de suas ambições políticas.
Fiz e publiquei artigos de autores convidados criticando determinados métodos da Lava-Jato, os quais chamamos de lavajatismo, sem jamais condenar a operação em si, que foi um marco no combate efetivo à corrupção no país.
Por conta desses posicionamentos, tornei-me persona non grata entre os ativistas da chamada República de Curitiba.
Tudo isto que está afirmado acima pode ser comprovado nas minhas publicações em redes sociais e nas matérias e reportagens do Crítica Nacional dos últimos seis anos.
Isto posto, entendo que a condenação de Deltan Dallagnol pelo TCU e os não-rumos tomados pela agora ex-Lava Jato representam um retrocesso sem precedentes no país, no que diz respeito ao combate à corrupção.
Assistimos nos últimos três anos uma inversão completa de valores: agentes públicos com suspeitas de crimes de corrupção, ou já condenadas em cortes colegiadas por tais crimes, estão sendo reabilitadas para a vida política e recebendo indenizações, ao mesmo tempo em que aqueles que combateram a corrupção na forma da lei estão sendo punidos.
A condenação de Deltan Dallagnol pelo TCU representa na prática a criminalização do combate à corrupção. Uma criminalização que interessa apenas aos petistas e ao restante da classe política que sempre usou da corrupção como método de conquista e manutenção do poder.
Pois esta condenação reforça a narrativa de que Lula teria sido supostamente perseguido e, portanto, seria inocente dos crimes de que fora acusado e condenado em instâncias superiores da justiça.
Os influencers bolsonaristas que estão neste momento ombreando lado a lado com os petistas e com gente da estirpe de Renan Calheiros para “celebrar” a condenação de Deltan Dallagnol estão cometendo o erro estúpido e primário de respaldar a narrativa do PT, e parece que não percebem isto.
Estes bolsonaristas não percebem que na prática estão, juntamente com Renan Calheiros e outros, fazendo um grande favor de ajudar o petista Lula, ao reforçar a narrativa que interessa a ele.
Na sua live diária desta quinta-feira (10/08), o ex-ministro Abraham Weintraub comentou o significado da condenação de Deltan Dallagnol e o comportamento de uma parcela da militância bolsonarista que comemorou tal condenação.