por paulo eneas
“Cria cuervos y te sacarán los ojos”.
O agora ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, fez um pronunciamento na manhã desta sexta-feira (24/04) anunciando sua saída do governo federal. Após fazer um balanço de sua atuação na pasta, Sérgio Moro discorreu sobre o que ele entende ser rompimento do compromisso do Presidente Bolsonaro com a prometida “carta branca” para tocar o ministério.
A principal razão alegada por Moro foi a mudança na direção da Polícia Federal. Moro acusou o presidente de suposta interferência política na Política Federal e de ter a intenção de ter acesso a investigações e informações supostamente privilegiadas. Moro afirmou também que ficou sabendo da demissão de Maurício Valeixo, diretor da Polícia Federal, pela imprensa e negou que a demissão tenha ocorrido a pedido.
Sérgio Moro não deu nenhuma evidência das acusações que fez contra o Presidente da República. Ao acusar o chefe de governo de interferência política na Polícia Federal, Sergio Moro não forneceu nenhuma elemento tangível do que seria essa suposta interferência, fazendo apenas o uso recorrente da frase gatilho.
O tom do discurso foi visivelmente de campanha, indicando ter sido meticulosamente preparado ao longo tempo. O mesmo tempo em que a Polícia Federal, sob a direção de Maurício Valeixo, não foi capaz de elucidar o crime de Adélio Bispo, que tentou há quase dois anos matar o então candidato Jair Bolsonaro.
Moro ainda acusou o presidente de falsidade ideológica, ao afirmar que a assinatura aposta ao decreto de exoneração de Maurício Valeixo não é de sua autoria. Fez a acusação sem novamente dar evidência desse suposto ilícito, e ainda acusou a Secom de mentir.
Sérgio Moro sai do governo como traidor do presidente, sabendo de seu enorme prestígio conquistado como juiz da Lava Jato. Sai também como candidato, ao afirmar que está “está à disposição do País”, deixando claro sua intenção de colocar-se como alternativa de poder do estamento burocrático em oposição ao projeto conservador e de direita representado por Jair Bolsonaro e endossado por quase sessenta milhões de brasileiros.