por paulo eneas
Os franceses irão às urnas nesse domingo não apenas para escolher o novo presidente do país, mas também para decidir em parte o futuro da Europa e da civilização ocidental no velho mundo. Uma possível vitória de Marine Le Pen, a candidata da única e autêntica força política nacionalista e de direita na França, a Frente Nacional, representará a terceira derrota relevante da esquerda globalista pró-islâmica em menos de um ano. As duas derrotas anteriores anteriores foram obviamente o Brexit e a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.
As pesquisas de opinião locais apresentam um empate técnico entre Marine Le Pen e os demais três candidatos principais, todos os três de algum modo ou de outro alinhados em maior ou menor grau com as políticas globalistas pró-islâmicas que imperam no continente europeu ocidental, sob a batuta autoritária da União Europeia. Uma análise rápida do perfil de cada um dos outros três principais candidatos globalistas deixa bem claro essa associação:
Emmanuel Macron
Foi integrante do Partido Socialista por vários anos e fez parte do gabinete do fracassado governo socialista de François Hollande. É apresentado ao público como sendo o Obama francês. Sua estratégia se assemelha em parte à estratégia da esquerda brasileira, na sua vertente socialdemocrata, em tempos recentes: incorpora alguns elementos de uma plataforma liberal na economia, para manter intacta a agenda da esquerda naquilo que realmente importa, que é a guerra cultural e o alinhamento com os globalistas.
No início desse ano, ele causou consternação ao afirmar que o legado da presença francesa na Argélia representou um crime contra a humanidade. Macron é defensor ferrenho da União Europeia e não mede palavras ao expressar isso: Nós Somos Bruxelas, diz ele, em referência à capital e à sede da estrovenga globalista que governa a Europa Ocidental. Assim como o prefeito socialdemocrata tucano da capital paulista, Macron é um apoiador e defensor entusiasta das políticas da chanceler alemã Angela Merkel, que resultaram no ingresso de mais de dois milhões de muçulmanos na Alemanha nos últimos dois anos.
Crítico de Donald Trump, Macron afirma que o combate ao terrorismo, que ele nunca associa ao islã, deve ser feito por meio do fortalecimento da União Europeia. Trata-se obviamente de um exercício de negação da realidade, uma vez que foi o surgimento e fortalecimento da União Europeia, com a consequente redução da soberania e do controle de fronteiras por parte de seus estados membros, que possibilitou a invasão islâmica e o aumento do terrorismo, que é cometido por muçulmanos.
Macron também critica os serviços de segurança interna da França no combate ao terrorismo. Segundo o candidato socialista, os serviços de segurança erram e cometem injustiça ao focar suas investigações nos muçulmanos, ignorando o fato elementar de que são os muçulmanos que cometem atos de terror em território francês.
François Fillon
A grande imprensa ocidental apresenta Fillon como sendo o candidato da direita, reservando a Marine Le Pen a denominação de “extrema-direita” ou populista. Ele foi primeiro-ministro do país durante o mandato de Nicolas Sarkozy, durante o qual nenhuma medida mais relevante foi tomada em relação à invasão muçulmana ou endurecimento em relação às imposições da União Europeia.
Defensor de políticas de austeridade nos gastos públicos, redução do tamanho do estado e mudanças nas leis trabalhistas, Fillon apresenta um discurso de viés conservador em assuntos internos relativos à gestão do estado. No entanto, é evasivo e vago nas questões que materialmente afetam os franceses hoje, que são imigração e submissão do país à União Europeia.
Ele não defende o fortalecimento do bloco globalista, mas também não assume compromisso de romper com ele. Defende controle de imigração, mas nada diz sobre cotas de entrada de estrangeiros e retomada do controle de fronteiras. Por fim, fala da necessidade de um controle estritamente administrativo sobre o islã, sem novamente especificar o que pretende com isso.
Jean-Luc Mélenchon
É o candidato dos comunistas de carteirinha. Apoiado pelo Partido Comunista Francês, Mélenchon pode ser comparado a um candidato do PSOL brasileiro. Defende aumento generalizado dos gastos públicos, taxação dos salários em noventa por cento acima de um dado teto, entrada ilimitada de estrangeiros sem estabelecimento de quotas, e fala da necessidade de uma suposta democratização da União Europeia, sem especificar o que pretende com isso.
Mélenchon enfatiza a defesa que faz dos imigrantes ilegais, que ele nunca chama de ilegais mas de pessoas sem documentos, a concessão automática de visto de residência por dez anos para todos os estrangeiros e a concessão automática de cidadania francesa a todas as crianças, filhas de estrangeiros, nascidas no país.
A Força da Frente Nacional
A campanha presidencial da Frente Nacional liderada por Marine Le Pen foi a que mobilizou o maior número de pessoas no país. Em seu último comício, Le Pen reuniu cerca de dez mil pessoas na cidade Marseille. Nesse comício, Marine Le Pen prometeu devolver a França aos franceses, e enfatizou que sua candidatura é a única que tem a possibilidade de derrotar a classe política e afastar o que ela chamou de oligarquias que comandam o país. Afirmando ainda que a França não está à venda, Marine Le Pen assumiu o compromisso de que, se eleita, irá restaurar as fronteiras nacionais francesas.
A plataforma de campanha de Marine Le Pen inclui o compromisso de, se eleita, convocar um referendum para que os franceses decidam quanto a permanecer ou não na União Europeia. Le Pen também defende que a França volte a ter sua moeda própria, e não mais o euro, e que o país interrompa o processo de entrada em massa de muçulmanos em seu território, por meio de um estrito controle de fronteiras.
Sua plataforma inclui também o combate ao que ela chama de “islã radical”, fechamento de mesquitas associadas aos extremistas muçulmanos e a deportação de imigrantes ilegais. Em março desse ano o Parlamento Europeu, um apêndice burocrático chancelador das decisões dos burocratas da União Europeia, decidiu suspender a imunidade parlamentar de Le Pen por ela ter publicado imagens dos atos de violência praticados pelo Estado Islâmico.
Além do compromisso de realizar o referendum quanto à União Europeia, Marine Le Pen defende estabelecimento de cotas de imigração para o limite de dez mil estrangeiros por ano. Em suas palavras:
Aqueles que desejam vir para França devem se adaptar à cultura francesa e não transformar nosso país na imagem de seu país de origem. Se desejam se sentir em casa, fiquem então em seu próprio país.
Sobre o terrorismo muçulmano, Le Pen vai na direção exatamente oposta do prefeito muçulmano de Londres, Sadiq Khan, que afirmou há poucos meses que os londrinos deveriam se acostumar com atentados terroristas, pois isso supostamente faz parte da vida de uma grande metrópole:
No que diz respeito ao terrorismo, não irei pedir ao franceses para se acostumarem a conviver com o terror. Nós iremos erradicar o terrorismo, aqui e no exterior. Devemos ir até a raiz desse mal, que se chama fundamentalismo islâmico.
Marine Le Pen se comprometeu também a pôr um fim à ocupação islâmica de espaços públicos, quando os muçulmanos ocupam vias e praças em determinados dias para práticas religiosas, e impedem o livre trânsito de pessoas. Ela comparou essas prática às ocupações promovidas pelos nazistas décadas atrás: trata-se de uma autêntica ocupação de território, dessa vez sem soldados ou tanques, mas uma ocupação para todos os fins práticos, diz ela.
A Frente Nacional & A Herança Maldita do Secularismo
O Partido da Frente Nacional está longe de representar o ideal de uma agremiação política conservadora de direita. A história do partido é manchada pelo antissemitismo que ele abraçou durante anos, e que somente foi eliminado do programa partidário nos últimos anos por meio de um esforço da própria Marina Le Pen. O partido hoje mantém até mesmo contatos em escalões de nível inferior com Israel.
No entanto, a Frente Nacional ainda se ressente daquela que é a herança maldita da cultura francesa: seu secularismo antirreligioso, especialmente o anticatolicismo e o antissemitismo. Um dos itens do programa de Marine Le Pen, por exemplo, é a intenção de banir a ostentação de símbolos religiosos em público, o que inclui burcas e hijabs, mas que pode também incluir kipas (ou solidéus) e hábitos.
Não ficou claro no programa se essa proibição inclui o hábito de freiras e os trajes de monges, ou mesmo o uso visível de colares com Crucifixo ou Estrela de David por parte de pessoas comuns. Da mesma forma, até onde nos foi possível averiguar, a Frente Nacional mantém uma posição “neutra” em relação ao aborto, como se fosse possível manter uma neutralidade em relação ao assassinato de fetos indefesos.
O fato é que a Frente Nacional representa a direita “possível” na França hoje. Sua eventual vitória, que esperamos que aconteça apesar de não ser possível hoje fazer um prognóstico preciso, representará mais um duro revés para a esquerda globalista e seus aliados muçulmanos.
No entanto, essa possível vitória não pode servir para eclipsar os problemas mencionados acima. Problemas esses que remetem à própria história que forjou a cultura francesa nos últimos séculos, e que fez do país o mais antissemita e anticlerical de toda Europa durante décadas, posição hoje possivelmente ocupada pela Suécia. Afinal, a França foi o berço do Iluminismo.
Com informações de Express e Gatestone Institute.
Publicado Originalmente em 23/04/2017 #CriticaNacional #TrueNews