por paulo eneas
O Grupo MBL de São Paulo emitiu no domingo um comunicado sobre o dia 31 de março de 1964 que contém um amontado de pérolas e tolices próprias daquelas correntes políticas que transformaram o liberalismo em ideologia, e que acreditam que esse discurso tão somente, temperado com um antipetismo conveniente, é suficiente para levar adiante a guerra política contra os socialistas e comunistas.
A nota começa afirmando que repudia as defesas inescrupulosas feitas ao regime militar brasileiro. Cabe ao MBL explicar aos seus seguidores e aos eleitores de seus parlamentares onde ele vê falta de escrúpulos na defesa de um posicionamento político e da verdade histórica documentada a respeito dos fatos da época. A menos que o MBL veja escrúpulos tão somente na narrativa mentirosa e falseadora da história presente nos livros produzidos pelo MEC nos governos anteriores e que o grupo aparentemente endossa.
Os pilares da ignorância e da má fé
Em seguida, a nota peripatética afirma que por ser o MBL um movimento oriundo dos pilares do liberalismo, não pode compactuar com tamanhos impropérios sobre um período de nossa história em que tais pilares não foram defendidos.
Aqui a canalhice política ficou de mãos dadas com a ignorância histórica e até mesmo com a ausência da lógica elementar: os garotos libertários ignoram e desconhecem que a intervenção cívico-militar de 31 de março de 1964 ocorreu justamente para preservar e assegurar esses pilares formados pela primado da lei, da democracia e da liberdade de expressão, entre outros.
Pilares esses que, ao contrário do que diz a nota estúpida do MBL, não são do liberalismo, mas dos regimes democráticos nascidos da tradição herdada da civilização ocidental defendida e preservada pelos conservadores. Tradição essa da qual o liberalismo econômico é uma das componentes, mas que nele não se esgota. Eram esses pilares que estavam sendo ameaçados pela ação criminosa dos comunistas do período, e que foi interrompida reação cívico-militar.
Retórica oca e sem substância
Em seguida a nota afirma que o MBL repudia extremistas de esquerda que defendem terroristas e guerrilheiros, numa afirmação que outra vez faz alusão a um suposto extremismo de esquerda condenável em oposição a uma suposta esquerda não extremista e, portanto, aceitável. Raciocínio errôneo típico dos liberais ideológicos que ignoram todas as estratégias que os revolucionários adotam para atingir seus objetivos.
Por fim, a nota é arrematada com uma tolice ímpar, ao afirmar que a lei basta: se a lei bastasse, não haveria nos estados democráticos instituições destinadas a punir quem infringe a lei, além do fato de que a lei por si só nunca impediu em lugar algum do mundo que os comunistas chegassem ao poder, seja por vias legais ou não. Da mesma forma, a lei por si só não oferece antídoto a atuação revolucionária na esfera da guerra cultural, que é a esfera onde no longo prazo decide-se a disputa de poder político numa sociedade.
Afirmar, portanto, de maneira reducionista e simplista que a lei basta, para tentar explicar e condenar o regime decorrente do processo político que desaguou no 31 de março de 1964, chega a ser a expressão de uma inteligência política ginasiana, típica de liberais ideológicos como os integrantes do MBL. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews