por paulo eneas
Existe uma patente e visível dificuldade interna no Governo Bolsonaro em adotar uma abordagem consistente para o problema da ditadura narco-comunista venezuelana. O Presidente Bolsonaro foi eleito com o compromisso verbalizado de usar o peso econômico, geopolítico e diplomático do Brasil para pôr um fim ao regime de ditadura narco-comunista daquele país, e ao risco que ela representa para a estabilidade geopolítica do continente latino-americano.
Assim que teve o início o novo governo, a diplomacia brasileira chefiada por Ernesto Araújo agiu de maneira correta e eficiente no âmbito e escopo das iniciativas laterais e multilaterais diplomáticas. O Brasil retomou o Grupo de Lima exercendo nele sua liderança natural, e o governo brasileiro e demais países do grupo passaram a definir o regime venezuelano como sendo uma ditadura.
Também em decorrência da iniciativa da diplomacia brasileira, Nicolas Maduro passou a ser chamado de ditador nos comunicados e pronunciamentos oficiais brasileiros e do Grupo de Lima. Foram empreendidos esforços para levar ajuda humanitária ao país, e a decisão de reconhecer a legitimidade do presidente encarregado, interino, Juan Guaidó selou as iniciativas corretas no âmbito diplomático.
Fora da diplomacia uma estratégia incerta
Fora do âmbito diplomático, a ação do governo brasileiro na questão venezuelana tem sido pautada por uma estratégia incerta e pouco clara, que ao nosso ver reflete a falta de unidade do governo sobre os rumos a seguir. A rigor nem mesmo se pode falar de ação de governo, no sentido de unidade. O que existe e é visível é, por um lado, a disposição do Presidente Bolsonaro de honrar seu compromisso de campanha e pôr um fim à ditadura venezuelana, e de outro lado as falas e iniciativas contrárias da parte de integrantes tecnocratas do governo.
A primeira dessas falas contrárias foi do vice-presidente Hamilton Mourão, que desde o ano passado vem repetindo que a Venezuela é um problema dos venezuelanos. Uma afirmação absolutamente sem sentido, e que ignora as ameaças reais para o Brasil em termos de segurança nacional representadas pela ditadura narco-comunista no país vizinho.
A essa fala sem sentido do vice-presidente, somou-se a afirmação também repetida por outros tecnocratas, dizendo ao mundo, e principalmente ao inimigo bolivariano, que o Brasil descarta por completo a opção de uma ação militar. Repetir essa afirmação incessantemente, como temos visto por parte desses tecnocratas, é de um amadorismo estratégico assustador, pois se está simplesmente dizendo ao inimigo, o regime chavista, para não se preocupar com uma ação mais firme do Brasil.
A regra básica em situações dessa natureza diz que é preciso deixar claro ao inimigo que todas as opções poderão ser usadas contra ele, ainda que se decida internamente não usar uma ou mais dessas opções. Anunciar previamente que a opção militar está descartada equivale ao mesmo que, no âmbito da segurança pública, dizer aos bandidos que a polícia irá enfrentá-los sem armas, ou mesmo armadas estarão proibidas de atirar, o que corresponde exatamente ao discurso da esquerda na defesa de criminosos.
Estados Unidos já propuseram aliança estratégica com o Brasil
A discussão que verdadeiramente vem ocorrendo de forma velada ou explícita nos bastidores do governo não é se o Brasil irá ou não promover uma ação militar contra a ditadura venezuelana. A discussão real é se o Brasil irá ou não endossar em termos políticos e diplomáticos e logístico-operacionais uma ação militar norte-americana contra o regime comunista venezuelano.
O Estados Unidos, que têm em seu governo estrategistas competentes para tratar dessa questão, incluindo seu estamento militar, já deixaram claro em primeiro lugar que todas as opções estão na mesa, ao contrário das declarações dos tecnocratas brasileiros. Os norte-americanos esperam desde o ano passado uma sinalização do governo brasileiro para então tomarem um curso de ação em relação à ditadura venezuelana.
É óbvio que os Estados Unidos podem agir militarmente sozinhos em qualquer lugar do mundo, incluindo a Venezuela, sem precisar do respaldo de ninguém. A despeito disso, e também com o objetivo de assegurar alianças estratégicas, o governo de Donald Trump acenou com a oferta de ingresso do Brasil na OTAN e na OCDE, grupo que reúne as maiores economias do mundo.
Essas ofertas sinalizam o interesse norte-americano de estreitar relações com o Brasil em um patamar nunca antes visto. Em contrapartida, o Brasil cooperaria com os Estados Unidos em uma intervenção na Venezuela, cooperação essa que não precisaria incluir necessariamente participação de tropas brasileiras na linha de frente do combate.
O ranço do antiamericanismo e a sedução globalista
A oferta norte-americana encontra resistência entre tecnocratas brasileiros por conta do ranço antiamericano presente em parte do estamento burocrático nacional. Esse segmento tecnocrata acredita que uma operação militar norte-americana na Venezuela representaria um risco à nossa segurança nacional.
Esse mesmo segmento ignora que a real ameaça à nossa segurança é a existência de uma ditadura narco-comunista naquele país, ditadura essa que conta com o apoio de muitos agentes políticos brasileiros. Ignora também que outra ameaça à nossa segurança e soberania é a atual presença de centenas ou milhares de ONGs estrangeiras atuando na região amazônica.
Ao mesmo tempo em que esse segmento tecnocrata faz valer sua verve antiamericana, ele também não esconde o quanto se deixa seduzir pelo canto de sereia dos globalistas. Os mesmos globalistas que sempre relegaram o Brasil a um papel de coadjuvante marginal no cenário geopolítico internacional, com nosso país servindo apenas para exercer o papel de polícia da ONU em missões de paz, papel esse que surpreendentemente enche de orgulho os tecnocratas.
Uma evidência dessa sedução foi a entrevista concedida no dia 30/04 pelo Ministro da Defesa, General Fernando Azevedo. Um pouco antes dele, o Presidente Bolsonaro havia falado com a imprensa sobre o posicionamento do Brasil em relação à Venezuela. O ministro, por sua vez, fez questão de frisar na entrevista o quanto a Operação Acolhida, ação de ajuda humanitária empreendida pelo Exército Brasileiro na fronteira venezuelana, é bem sucedida e reconhecida internacionalmente.
Por reconhecimento internacional o ministro possivelmente refere-se à aprovação da operação segundo tecnocratas da ONU. A questão aqui é saber o que deve guiar a ação brasileira, inclusive de suas Forças Armadas, no que diz respeito à Venezuela: a busca por aprovação internacional dos tecnocratas globalistas da ONU ou a busca da defesa dos reais interesses estratégicos nacionais.
A solução para o problema da Venezuela não é simples, por óbvio. Mas essa solução, seja qual for, não pode passar de forma alguma por alguma negociação com o genocida socialista criminoso Maduro. Um genocida que está dizimando a população de seu país e que, para nossa tristeza, está desarmada e sendo abatida feito gado ou morrendo de fome e de doenças. A solução passa pelo abandono do antiamericanismo e da sedução globalista, e por uma aliança estratégica do Brasil com os Estados Unidos. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews
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