por paulo eneas
Conforme antecipou-se ao longo desta sexta-feira (06/08), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), comunicou oficialmente ao final do dia que a “questão do voto impresso” será levada ao plenário da Câmara dos Deputados.
O tom da fala de Arthur Lira foi claramente no sentido de sepultar a questão, ao afirmar que o Brasil “tem pressa” no trato de outras questões, e lamentou que a mais antiga demanda democrática do povo brasileiro, a lisura e transparência no sistema eleitoral via voto impresso e apuração pública, esteja pautando, no sentido de “atrapalhar”, o debate público.
Arthur Lira informou que a questão será submetida ao colégio de líderes partidários em reunião na próxima semana, e enfatizou que a questão será dirimida “legitimamente” pela Câmara dos Deputados formada, nas palavras de Arthur Lira, por “representantes legitimamente eleitos pela urna eletrônica”.
Em outras palavras, em uma análise preliminar, pode-se concluir que o tom da fala de Arthur Lira foi no sentido de sepultar a demanda pelo voto impresso, com a chancela da Câmara dos Deputados, formada por representantes “eleitos legitimamente pela urna eletrônica”.
Mais cedo publicamos o artigo Proposta Desfigurada de Voto Impresso Que Irá Ao Plenário da Câmara Poderá Sepultar Apuração Pública de Voto mostrando a possibilidade de uma PEC desidratada com voto impresso restrito e sem apuração pública possa ir à votação no plenário, como resultado de um acordo entre o Centrão e o STF. Esta possibilidade permanece em aberto.
Mas após a fala de Arthur Lira, não se pode descartar também que nem mesmo se chegue a tanto: é possível que qualquer resquício de mudança em nosso obsoleto e obscuro sistema de votação eletrônica seja sepultado de pronto, pelos parlamentares atualmente eleitos via coeficiente eleitoral e pelas urnas eletrônicas.