por paulo eneas
Em uma atitude inaceitável para quem ocupa a chefia de um dos poderes da República, o deputado Rodrigo Maia participou no último dia 22/02 de um evento na Embaixada da Espanha no Brasil juntamente com outras representações estrangeiras, e que teve como um dos temas o parlamentarismo. Obviamente que uma discussão teórico-conceitual sobre parlamentarismo e outras formas de sistema de governo não representa em si qualquer problema.
Mas no momento em que o chefe de um dos poderes da República está pessoalmente empenhando, como já verbalizou amplamente, em passar por cima da Constituição Federal e da vontade soberana do povo, e promover um esvaziamento do Poder Executivo para adotar ilegalmente o que vem sendo chamado de parlamentarismo branco, sua participação nesse tipo de evento se reveste de uma gravidade sem paralelo.
Pois pela primeira vez em décadas estamos assistindo ao chefe de um dos poderes da república encetando conversações com autoridades estrangeiras em torno de uma pauta que é um claro atentado às instituições e ao ordenamento institucional brasileiro.
Ao agir desta maneira, Rodrigo Maia outra vez mostra não possuir a estatura política necessária para chefiar um dos poderes da república, uma vez que falta a ele o pré-requisito básico para esse exercício, que é o compromisso de respeitar a harmonia e a independência dos três poderes.
O caráter golpista da tentativa empreendida por Rodrigo Maia de tentar ilegalmente esvaziar de poderes a Presidência da República por meio do sequestro de parcela expressiva do orçamento federal foi reconhecida até mesmo por um senador francamente oposicionista: Randolfe Rodrigues reconhece que a derrubada dos vetos do Presidente representaria na prática a implantação do parlamentarismo. O mesmo parlamentarismo que Rodrigo Maia aspira e sobre o qual foi falar a respeito com autoridades estrangeiras.
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