por paulo eneas
No cenário que aparentemente está sendo desenhado para a disputa eleitoral desse ano, nossa percepção inicial é que a candidatura do Partido Novo não deve constituir-se em preocupação para o candidato da direita Jair Bolsonaro, que será o concorrente mais forte e o favorito da disputa. Isso porque em nosso entender o discurso do partido, de natureza essencialmente tecnocrática e incorporando alguns tópicos de uma agenda liberal, tem um público alvo bem definido: aquela parcela do eleitorado que é antipetista, porém refratária a uma agenda conservadora e de direita, ou seja, o eleitorado tucano.
Nesse sentido, do ponto de vista estritamente eleitoral, o Partido Novo é um problema para o PSDB e seu candidato, que tudo indica que vai ser Geraldo Alckmin, após o naufrágio antecipado da tentativa de arremedo de um Emmanuel Macron brasileiro, representado na figura de João Doria. Óbvio que essa consideração preliminar e de caráter estritamente eleitoral não impede um exame mais apurado da real natureza do Novo, e do que ele poderá vir a representar na cena política brasileira no longo prazo.
Esse exame ainda faremos de modo mais detalhado. Entendemos que o partido reúne em sua base pessoas em sua maioria de boa índole e dispostas a solucionar os problemas do país. No entanto, a agremiação ao limitar ou focar seu programa a questões que envolvem unicamente a eficiência e a racionalidade na gestão do Estado, ao ignorar por completo questões geopolíticas, e simplesmente por desconhecer a natureza da guerra cultural como substrato essencial e fundante da disputa de poder na sociedade, está longe de representar uma alternativa para a solução dos reais problemas brasileiros.
A raiz de nossos problemas não está na ineficiência e má gestão do estado
É preciso entender de uma vez por todas que a raiz dos problemas brasileiros não está na gestão ineficiente da administração pública. Nada poderia estar mais longe da verdade. A raiz de nossos problemas, em particular após o regime militar, está na preponderância e hegemonia absolutas das políticas públicas (executadas de modo ineficiente ou não) de orientação progressista e de esquerda, que levaram ao inchamento do Estado e à presença ostensiva desse mesmo Estado em todos os aspectos da vida das pessoas e das empresas.
A raiz de nossos problemas está na submissão do país às políticas globalistas da ONU em áreas críticas como educação, saúde, segurança pública, meio ambiente, proteção e segurança de nosso território e de nossas fronteiras. A raiz de nossos problemas está na perda gradual de nossa soberania, iniciada pelos governos tucanos e acentuada na era petista por orientação do Foro de São Paulo. A raiz está na falácia do construtivismo, hegemônico como doutrina, na educação pública e privada. Está na gradual legalização do assassinato de fetos.
A raiz está em nossa Constituição que, entre outras mazelas, não assegura o direito de propriedade, e abre os flancos para a perda de nossa soberania em nome de uma imaginária integração latino-americana. Uma Constituição que na prática inviabiliza, por meio de um modelo centralizador e predatório de arrecadação tributária, a noção de pacto federativo previsto no próprio texto constitucional. A raiz de nossos problemas está em nosso ordenamento jurídico que ignora a vítima e protege o criminoso, e dificulta ao cidadão de bem exercer seu direito natural e sagrado de ter acesso legal a armas para defender a própria vida.
Os temas mencionados acima, que são apenas uma fração dos reais problemas do país, jamais poderão tratados à luz de uma concepção tecnocrática e racionalista de gestão da administração pública. Pois o problema não está nem nunca esteve na eficiência, ou falta dela, na implementação de políticas públicas, mas sim na natureza dessas políticas. E combater essas políticas de per se, e apresentar alternativas, requer um posicionamento político que vai muito além da intenção, de todo correta, de racionalizar a gestão do Estado. #CriticaNacional #TrueNews