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Operação Carne Fraca: Monopólios & Capitalismo de Compadrio

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Operação Carne Fraca: Monopólios & Capitalismo de Compadrio

A repercussão da Operação Carne Fraca da Polícia Federal desencadeou uma justificada e legítima onda de reação de indignação de tal magnitude que, justamente devido a intensidade dessa indignação, pode fazer com que as pessoas percam o foco sobre o que realmente importa ser considerado nesse episódio.

No entender, o fato mais relevante a ser considerado é a natureza da relação promíscua entre alguns grandes grupos econômicos e o Estado. Uma relação pautada pela corrupção do lado do agente público e do poder político, e pelas ambições monopolistas do lado de grandes empresas, que abraçam as piores práticas do capitalismo de compadrio. É nessa combinação perversa de capitalismo de compadrio e ambição monopolista que reside uma das bases do globalismo no mundo ocidental.

Uma das empresas envolvidas na operação, a JBS Friboi possui um histórico de crescimento ancorado na sua relação de troca de favores com o poder político ao longo de toda a era petista, principalmente através do BNDES pela via de entrada, e pelas doações eleitorais milionárias a políticos e a partidos pela via de saída.

A JBS Friboi faz parte de um seleto e restrito grupo de empresas, formado também por Odebrecht, Grupo Schain e as empresas de Eike Batista, entre algumas poucas outras, escolhidas a dedo para participar do programa de “empresas campeãs” que o então governo petista adotou como modelo de desenvolvimento econômico.

Um modelo que na verdade inaugurou nossa versão tupiniquim do globalismo, no qual estas empresas tornaram-se de fato campeãs. Mas campeãs de acesso fácil a recursos públicos e, não por coincidência, campeãs em doações eleitorais. E em troca conseguiram o caminho aberto para uma bem sucedida expansão de caráter monopolista com ajuda do próprio Estado.

Repercussão e guerra de narrativas
A divulgação das denúncias da operação Carne Fraca no que diz respeito aos processos de tratamento de carne foi o que ganhou mais repercussão junto à opinião pública. Óbvio que essas denúncias precisam ser aprofundadas, para verificar em que escala esses problemas ocorrem, quem são os responsáveis, se as práticas denunciadas decorrem de erros de processos ou se são deliberadas, e também para saber em quais dos frigoríficos envolvidos esses problemas foram de fato constatados.

Mas tão importante quanto a elucidação precisa e correta dos problemas denunciados, é evitar que prevaleça a narrativa que já vem se formando, com a finalidade de guerra política, de tentar condenar e demonizar todo o setor da pecuária nacional por conta desse episódio. Isso já ficou claro no sábado, quando o blog O Antagonista publicou uma nota acusando a pecuária brasileira de ser ineficiente e de baixa produtividade, “mesmo vendendo carne podre”.

Trata-se de mais uma afirmação mentirosa do blog, dentre as várias que ele costuma fazer por conta de seu descompromisso com a verdade jornalística e sim com uma agenda ideológica. Trata-se de mais uma afirmação de um veículo da grande imprensa destinada à guerra política, combinada com a ignorância e desconhecimento do assunto que se pretende tratar.

Cumpre inicialmente informar a O Antagonista que pecuária não “vende carne”, muito menos “carne podre”. O próprio uso indiscriminado dessa expressão pelo restante da grande imprensa, e por extensão nas redes sociais, já reflete um grau de histeria e desinformação com que essa questão está sendo tratada: se houvesse essa quantidade generalizada de carne estragada no mercado, obviamente isso já teria sido constatado pela própria população consumidora. Afinal, qualquer dona de casa sabe quando uma carne está estragada.

A maior indústria pecuária do mundo
A pecuária trata de criação de gado e não de venda de carne. A pecuária brasileira apresenta uma das mais altas produtividades do mundo, ocupando apenas 21% do território nacional, ou cerca de 177 milhões de hectares. Para fins de comparação, as reservas indígenas, onde nada se produz e onde ocorrem todos os tipos de ilegalidades, incluindo violações da soberania nacional, ocupam 102 milhões de hectares do território nacional (1).

Toda a cadeia produtiva da qual a pecuária nacional faz parte envolve 392 frigoríficos licenciados, gera 7 milhões de empregos e movimenta cerca de R$177 bilhões anualmente. A carne brasileira é exportada para 140 países, e o rebanho nacional é o maior do mundo em termos absolutos, sendo superior ao número de habitantes do país (2).

Portanto, a tentativa de associar os problemas identificados no setor de frigoríficos com toda a cadeia produtiva do segmento de proteína animal, que envolve criação, abate, processamento, distribuição e varejo, até chegar ao consumidor final, se constitui em prática desonesta de quem vive de jornalismo marrom de tons vermelhos.

As denúncias trazidas a público pela operação da Polícia Federal precisam e devem ser devidamente apuradas e dimensionadas, para que se tenha claro em que extensão os problemas apontados ocorrem e se são de natureza pontual ou práticas generalizadas. A verdade deve prevalecer sobre narrativas construídas para atender interesses políticos e econômicos. Interesses estes que podem estar querendo se beneficiar da legítima e justa indignação da população com os fatos divulgados.

É necessário que se investigue as relações promíscuas dos grupos monopolistas do setor com o poder público, principalmente por meio dos financiamentos por parte do BNDES, bem como o porquê das generosas e milionárias doações eleitorais para os principais partidos políticos do país, incluindo o PT, PMDB e PSDB.

Por fim, é preciso combater a tentativa de demonizar todo um setor da economia por conta de ilegalidades que possam ter sido cometidas por um dos componentes dessa cadeia produtiva. Pois como se já não bastasse o produtor rural agrícola ser demonizado e atacado diuturnamente pela grande imprensa e pela intelectualidade e pela elite formadora de opinião, não faz sentido agora o país dar mais um passo em direção ao retrocesso, demonizando e atacando de modo generalizado quem efetivamente produz e gera riqueza.

Fontes:
(1) Os Caminhos da Pecuária Brasileira
(2) Gazeta do Povo / Agronegócio

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