por paulo eneas
A internet mundial tornou-se um território controlado por alguns pouquíssimos grandes grupos monopolistas, o que joga por terra as ilusões de liberdade de expressão que durante décadas alimentaram o mundo virtual. A infraestrutura mais importante, e também aquela de custo mais elevado, para o funcionamento da internet é a de serviços de hospedagem, que oferecem os servidores para websites e redes sociais e todos os demais serviços front-end da redes.
Neste segmento chave, quatro empresas metacapitalistas controlam cerca de setenta por cento de todo o serviço ofertado no mundo. A líder é a Amazon Clouding Services, que detém 35% do mercado. Ela é seguida pela Azure, da Microsoft, que detém cerca de 20%. Em seguida vem o serviço de hospedagem do Google, com 10% de participação. Por fim, a empresa chinesa Ali Baba possui cerca de 10% do mercado.
Estes números, em valores aproximados, mostram que apenas quatro companhias transnacionais detêm aproximadamente setenta e cinco por cento dos serviços de hospedagem em todo o mundo. Além disso, somente duas empresas no mundo oferecem plataformas de distribuição de aplicativos: a Google Play e a Apple Store.
Se estas duas empresas monopolistas neste segmento decidem não distribuir determinado aplicativo, como aconteceu esta semana com o aplicativo da rede social Parler, o criador do aplicativo terá uma dificuldade enorme para fazer com que seu produto chegue aos usuários. Pode-se imaginar os milhares e milhares de aplicativos criados por desenvolvedores independentes que nunca chegaram ao conhecimento dos usuários por decisão destas duas empresas.
Com este elevadíssimo grau de concentração monopolista, equiparável à concentração existente no sistema bancário, é ilusão acreditar que a liberdade de expressão esteja assegurada na internet. O episódio recente envolvendo banimento de uma rede social inteira, a Parler, por decisão política das duas plataformas de distribuição de aplicativos e pelo serviço de hospedagem da Amazon, confirma este fato.
Estas informações foram prestadas pelo jornalista Paulo Figueiredo Filho na edição desta segunda-feira (11/01) do programa Radar da Mídia, do canal Terça Livre TV.