por paulo eneas
Em mais uma conversa com uma jornalista da Rede Globo nessa semana, o Ministro Chefe da Secretaria Geral do Governo, General Santos Cruz, afirmou que os membros do governo precisam conversar de modo direto, e não por meio de mídias sociais.
A visão do ministro, que desempenha uma função de relevância inquestionável no governo, está equivocada e ignora por completo o próprio processo social que levou Jair Bolsonaro à presidência, que venceu as eleições graças ao empenho de milhões de apoiadores anônimos por meio das redes sociais.
Além disso, essa visão do ministro emite um sinal que pode ser interpretado de modo enviesado, e que seguramente não corresponde ao que ele pensa: pode dar a entender que conversas diretas ou articulação pessoal significa a retomada dos métodos de toma-lá-dá-cá de fazer política, métodos esses que o Presidente Bolsonaro rejeita enfaticamente, e que seguramente também não seriam endossados pelo ministro.
Integrantes do governo podem e devem ter conversas diretas e republicanas com integrantes dos demais poderes e com os cidadãos comuns. Mas isso não pode servir de justificativa para esperar que o Presidente Bolsonaro venha abandonar as redes sociais. Pelo contrário, ele deve prosseguir usando esse instrumento de comunicação direta com a população, e deveria orientar os demais ministros a fazerem o mesmo, como já o fazem Sérgio Moro e Ernesto Araújo.
Sair das redes sociais, que já demonstraram poder influenciar a opinião pública o bastante para pesar nas decisões do governo, interessa unicamente à grande imprensa que perdeu o monopólio da informação e da mediação entre governo e sociedade com o advento das redes. Portanto, entoar o coro dos que pedem ao presidente para sair das redes sociais, como fez o ministro Santos Cruz, constitui-se em um erro de estratégia de ação governamental.
Cabe lembrar ao próprio ministro Santos Cruz e aos demais integrantes do governo que insistem nas relações excessivamente cordiais com a grande imprensa, para muito além da necessária comunicação formal-institucional que deveria estar centralizada na Secom e na figura do porta-voz, que essa estratégia não produz efeito na guerra política diária que essa mesma grande imprensa, toda ela controlada pelo pensamento esquerdista, trava contra o governo.
Ao contrário de uma percepção equivocada presente em certos setores do governo, essa estratégia de agrado à grande imprensa não tem servido para blindar o Presidente Bolsonaro da ação caluniosa e mentirosa dessa mesma grande imprensa. Pelo contrário, o presidente continua sendo alvo de ataques diários nesses veículos, e a única blindagem formada é em torno dos integrantes do governo que têm tido interlocução direta com essa mesma imprensa.
O resultado líquido dessa estratégia equivocada é a percepção, por parte da opinião pública e do próprio Congresso Nacional, de que esses integrantes estariam apresentando-se como antagonistas do Presidente, e que estariam supostamente colocando-se como alternativa moderada aos olhos da grande imprensa e do establishment político, ao próprio Presidente da República e a agenda conservadora e de direita que o elegeu.
Essa percepção, geradora de instabilidade e até mesmo de desconfiança, precisa ser desfeita o quanto antes por quem a está protagonizando. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews
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