por paulo eneas
A Sra. Letícia Catelani, diretora da Agência Promotora de Exportações, Apex, órgão do Ministério das Relações Exteriores, poderá ser exonerada do cargo essa semana devido a mais uma ingerência indevida do Ministro Santos Cruz em uma pasta distinta daquela que ele comanda.
A diretora foi nomeada pelo Chanceler Ernesto Araújo para, entre outras atribuições, promover uma despetização da agência e a revisão e cancelamento de inúmeros contratos firmados pelo órgão nos governos passados. Em poucos meses à frente da diretoria, Letícia Catelani conseguiu fechar as torneiras e ralos de corrupção que serviam para o desvio de recursos públicos para o PT.
Despetização e corte de gastos e fim de viés ideológico
Os escritórios de representação em Angola e Cuba foram fechados, trazendo uma economia de R$2.3 milhões. Uma auditoria de contratos na área de comunicação e marketing resultou na economia de R$43 milhões. A diretora também extinguiu patrocínios com entidades suspeita, e demitiu 73 comissionados que eram indicações políticas do PT.
No âmbito do comércio exterior propriamente dito, houve mudança gradual do foco exclusivo no mercado chinês para o mercado norte-americano, indiano, europeu, japonês e para todos países que tenham interesse em comercializar com o Brasil, sem o viés ideológico antes adotado. Ela realizou também a reformulação dos escritórios da agência no exterior, para ficar em linha com os escritórios comerciais do Ministério das Relações Exteriores.
A renegociação de alguns contratos firmados no governo passado e ainda vigentes resultou em corte de gastos de R$8 milhões. No total, os cortes de gastos na Apex promovidos pela diretoria de Letícia Catelani resultaram em uma economia total de R$87.8 milhões.
Dentre as ações em andamento, estão programadas a abertura de escritórios em Jerusalém como primeiro passo para a mudança da embaixada, promessa de campanha do Presidente Jair Bolsonaro. E um novo programa para exportação de proteína animal e produtos agrícolas, que já trouxe como resultado a conquista do mercado de carne de frango da Índia.
A Apex também promoveu estudos sobre possíveis impactos econômicos da mudança da Embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, além do apoio às cadeias produtivas de alto valor agregado, incluindo os setores aeroespacial e de exploração de nióbio.
Perseguição e pressão por parte do establishment
Por conta de sua atuação na Apex, a diretora Letícia Catelani vem sofrendo todo tipo de pressão, inclusive pressão de outras alas do governo interessadas na manutenção dos interesses do establishment, conforme já mostramos no artigo Diretora da Apex Pressionada Por Recusar Assinar Contrato Com Empresa Investigada na Lava-Jato, publicado há quase um mês. Essa pressão vem sendo feita por meio de plantação de notas mentirosas na grande imprensa com objetivo explícito de afastar a diretora da agência.
A origem dessas pressões é o gabinete do Ministro Santos Cruz, que não esconde seu desejo de derrubar a diretora e controlar a Apex para enfraquecer e destituir o Chanceler Ernesto Araújo, o ministro mais bem alinhado com a integridade da agenda conservadora e de direita que elegeu Jair Bolsonaro.
Parte desse intento o ministro Santos Cruz parece já ter conseguido. Ele conseguiu convencer o Presidente Bolsonaro a nomear o almirante Sergio Ricardo Segovia para ser o novo presidente da agência. Trata-se de uma indicação que não observou os critérios de hierarquia funcional, pois sendo a agência subordinada ao Itamaraty, a indicação seria feita normalmente pelo chanceler Ernesto Araújo, cabendo é claro ao Presidente Bolsonaro a última palavra.
Possível exonaração
Segundo apuramos, a interferência de Santos Cruz na Apex e que resultou na indicação de um apadrinhado seu para a presidência da agência teria como objetivo cessar a despetização do órgão, e principalmente suspender o cancelamento de contratos firmados no governo anterior com empresas vinculadas aos petistas e à esquerda em geral.
O novo presidente deseja mudar o foco da agência, no que diz respeito às suas prioridades. Por essa razão, existe possibilidade de a diretora Letícia Catelani ser sumariamente exonerada e um militar assumir seu lugar, pondo fim a uma das mais bem-sucedidas iniciativas de despetização e de combate à corrupção no Governo Bolsonaro.
A mudança representaria também o fim da nova reorientação da agência, que passou a dar oportunidade a empresas exportadoras que jamais tinham sido atendidas, por não serem “amigas do rei” na era petista.
Resta saber como o Presidente Bolsonaro, sempre preocupado em honrar seus compromissos de campanha, irá reagir ao tomar ciência das implicações da mudança na agência, mudança essa que representará um retrocesso levado a cabo pelas mãos e ingerência indevida do Ministro Santos Cruz. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews
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