por paulo eneas
O Brasil bateu o recorde mensal de exportação de carne bovina no mês de setembro deste ano, quando foram exportadas 187 mil toneladas do produto para o mercado exterior. A informação foi divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior no começo deste mês de outubro. O principal comprador da carne bovina brasileira é a China, que suspendeu temporariamente as importações no início de setembro.
O recorde das exportações de proteína animal ocorre no momento em que o preço da carne no mercado interno encontra-se bastante elevado, penalizando o consumidor brasileiro, e trazendo ônus político para o governo. Os principais beneficiados com este volume de exportações são os próprios exportadores, que tiram vantagem do câmbio desvalorizado para tornar mais competitiva a venda no mercado externo, o que reduz a oferta do produto no mercado nacional, elevando assim os preços aqui.
As exportações de produtos agropecuários são um dos fatores que contribuem para os superávits na balança comercial brasileira. Ocorre que superávits na balança comercial não são necessariamente um indicador do quanto a atividade econômica está revertendo-se em benefícios e melhoria de vida para a população, uma vez que a riqueza gerada na produção de bens está sendo em grande parte enviada para fora.
Alguns países desenvolvidos exibem há anos saldos negativos em suas respetivas balanças comerciais, como por exemplo a Finlândia, cuja balança comercial está no vermelho desde 2011, e a França, que apesar de todo o protecionismo adotado pelo governo francês, especialmente no setor agrícola, mantém saldo negativo em sua balança comercial desde 2003.
Em contraste, saldos positivos na balança comerciais não indicam uma boa saúde econômica de um país. É o caso da Venezuela, que mantém superávits em sua balança comercial desde 1999. O Brasil, vem mantendo superávits anuais constantes desde 2015.
O caso da carne bovina e de outros alimentos exemplifica com clareza o significado destes dados. O Brasil é o maior produtor agrícola do mundo e as exportações do setor, principalmente para a China, são a principal componente da balança comercial brasileira. Ocorre que neste exato momento, o maior produtor agrícola do mundo enfrenta uma inflação nos preços dos alimentos no seu mercado interno, e isto ocorre ao mesmo tempo em que as exportações agropecuárias batem recordes. Fonte: Portal G1.