por paulo eneas
Em convenção realizada neste domingo (24/07) no Rio de Janeiro (RJ), o Partido Liberal confirmou o nome do presidente Jair Bolsonaro como candidato da sigla à Presidência da República nas eleições de outubro. A convenção também confirmou o nome do general Braga Netto como candidato a vice-presidente da chapa.
O palco do evento, realizado no Ginásio do Maracanãzinho, reuniu ministros e ex-ministros do governo, além de políticos majoritariamente do Centrão, incluindo figuras públicas que estavam caindo no ostracismo político e que têm sido reabilitadas politicamente por Bolsonaro, como Fernando Collor de Melo e o ex-senador José Roberto Arruda, preso duas vezes no decorrer de investigações sobre corrupção.
Em sua fala, o presidente deu destaque ao assistencialismo estatal, prometendo estender o atual valor do programa Auxílio Brasil (de R$600,00 mensais) para o ano de 2023. O presidente também direcionou sua fala para o público feminino, fazendo elogios rasgados à sua ex-ministra da agricultura, Tereza Cristina. As falas do evento foram abertas pela primeira-dama, Michele Bolsonaro, que usou e abusou do apelo religioso em seu discurso.
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Não foi apresentado programa de governo durante o evento, contrastando com a convenção partidária de 2018, que teve como centro as pautas conservadoras que norteariam a campanha vitoriosa daquele ano.
A quase totalidade destas pautas foram deixadas de lado pelo governo, que promoveu uma reorientação às centro-esquerda em suas diretrizes, reorientação esta expressa pela composição do palanque da convenção deste ano, que explica em parte o porquê deste abandono.
Um dos principais momentos da convenção foi quando o Presidente Bolsonaro novamente convocou seus apoiadores para manifestações no próximo dia 7 de Setembro. O presidente foi explícito ao fazer a convocação, ao afirmar:
“Convoco todos vocês agora, para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas, pela última vez. Vamos às ruas pela última vez. Estes poucos surdos de capa-preto têm que entender o que é a voz do povo”, referindo-se indiretamente os membros do judiciário.
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O chamamento de sua base para uma nova manifestação no 7 de setembro deste ano pode ser interpretado como mais um gesto do presidente para inflar e mobilizar sua base de apoio em torno do embate retórico que o presidente vem travando com o sistema eleitoral.
Um embate, puramente retórico, que é travado ao mesmo tempo em que o presidente se mostra incapaz de articular politicamente para promover melhorias no sistema eleitoral pelas vias institucionais comuns. Bolsonaro teve três anos e meio para viabilizar isto e não o fez.
Ao convocar novas manifestações, o presidente repete a mesma fórmula do ano passado, quando convocou seus apoiadores para manifestações também no 7 de setembro para, segundo as palavras do presidente, “mostrar uma fotografia para o mundo” do amplo apoio que ele tem junto à população.
O saldo daquelas gigantescas manifestações, que transcorreram sem incidentes e de maneira pacífica, foi a prisão de alguns manifestantes e organizadores, por ordem do Judiciário, e um pedido posterior de desculpas por parte do presidente, que divulgou uma “Carta à Nação” redigida por Michel Temer, que foi a seu socorro.
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Poucos dias depois, naquele setembro de 2021, o presidente veio a público afirmar textualmente que “agora as urnas eletrônicas são confiáveis”, pois supostamente os militares iriam supervisionar o processo.
As novas manifestações convocadas pelo presidente para este 7 de setembro são portanto a repetição do que foi feito um ano antes. E novamente iremos assistir ao mesmo desfecho: o risco de represálias judiciais contra quem atender ao chamado, sem que o presidente venha a mover um dedo em apoio a quem sofrer tais consequências.
Não temos motivo algum para acreditar que tais manifestações, caso ocorram este ano, venham alterar o ambiente institucional e as circunstâncias nas quais as eleições serão realizadas. Se forem realizadas, estas manifestações serão no máximo palanque eleitoral para o presidente e seus candidatos. Um palanque que já começou no dia da convenção partidária.
O Crítica Nacional não irá envolver-se, como não envolveu-se no ano passado, em tais manifestações e muito menos conclamar seus leitores a aderirem.
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